sexta-feira, 8 de março de 2019

Imagine se o vice fosse Magno Malta em vez do general Mourão

Homem de poucos amigos, Bolsonaro convidou inicialmente o senador Magno Malta para ser seu vice na campanha de 2018. O capixaba não aceitou porque não acreditava na vitória, obrigando o capitão-candidato a procurar outro nome. Especulações surgiram várias, até que Bolsonaro fixou-se no nome do general Hamilton Mourão. O general andara infringindo as normas do Exército ao emitir opiniões políticas no governo Dilma, porém isso não o inviabilizou para compor a chapa do PSL. Ele se filiou às pressas ao PRTB e de repente estava escolhido para ser o companheiro de chapa de Jair Bolsonaro. Na campanha disse algumas bobagens que chegaram a provocar ruído na chapa presidencial, mas nada que o candidato a presidente não absorvesse sem maiores problemas pelo fato de o general não ser um político convencional. Hoje, dois meses e 8 dias após a instalação do governo, o vice não foi responsável por nenhuma crise. Muito pelo contrário, ajudou Bolsonaro a pôr um freio nos três filhos belicosos e opôs-se tenazmente a qualquer intervenção na Venezuela para afastar o presidente-ditador Nicolas Maduro. Enfim, tem sido a voz do bom sendo dentro do governo, fazendo contraponto ao próprio Bolsonaro e aos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Ricardo Velez (Educação) e Damares Alves (Mulher e Direitos Humanos). O vice estaria na tarde desta sexta-feira no Recife para receber título de cidadão que a Câmara Municipal lhe outorgou, projeto do então vereador e atual líder da Oposição na Assembleia Legislativa, Marco Aurélio Medeiros. A entrega foi adiada mas a pena prestar atenção ao que ele dirá, pois tudo o que falou depois da posse foi para ajudar o presidente a apagar incêndios e a abafar crises. Imagine agora se o vice fosse o ex-senador Magno Malta, arrogante, demagogo, oportunista, despreparado, pouco fidalgo, escondendo-se atrás da religião para angariar votos dos seus conterrâneos. Conseguiu enganá-los em 2010, mas em 2018 os capixabas o mandaram para Casa, deixando-o sem o Senado e sem a vice-presidência, no que fizeram muito bem.

Laços com Pernambuco

O vice Hamilton Mourão teve oportunidade de trabalhar em Pernambuco, como general, no início da década de 80. É pai de dois filhos, um dos quais, Renata, que é advogada, nasceu no Recife. O outro, Hamilton Filho, fez carreira no Banco do Brasil.

Críticas ao intocável

Com sua espontaneidade para dizer o que pensa, o general Mourão não poupou sequer o ministro da Justiça, Sérgio Moro, por ter recuado no convite feito à cientista política Ilona Szabó para compor, como suplente, o Conselho Nacional de Política Penitenciária. Pegou feio para o ministro, que passou a ser visto como “fraco”.

Descrença petista

O líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP), tem suas desconfianças em relação ao vice-presidente: “Não me iludo com Mourão, afinal é uma figura que cultua personagens da ditadura militar. Mas é preciso também reconhecer que a presença dele no governo impede que Bolsonaro e integrantes da equipe ministerial possam cometer loucuras, como ações militarizadas na Venezuela”.

Carreira política

Hamilton Mourão passou para a reserva do Exército em fevereiro de 2018. Filiou-se ao PRTB em maio desse mesmo ano pelas mãos do presidente Levy Fidélix. Em 2015 perdeu o Comando Militar do Sul, em Porto Alegre, após ter feito críticas ao governo Dilma Rousseff. Foi transferido para um cargo burocrático: Secretaria de Economia e Finanças do Exército.

Aberto para todos

Diferentemente de Bolsonaro, que tem horror a Lula, ao PT e a sindicatos ligados a esse partido, o vice-presidente já recebeu a direção da CUT para uma troca de ideias e mais recentemente a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo para tratar do fechamento da Fábrica da Ford. Ele não se recusa a ouvir os contrários e isso ajuda o presidente.

Novo organograma

A Medida Provisória 870/2019, que reduziu o número de ministérios, já recebeu até agora 539 emendas A maioria delas contesta a extinção dos Ministérios do Trabalho e da Cultura e a transferência da Funai do Ministério da Justiça para o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos. Uma comissão já foi criada para analisar as mudanças, porém os partidos ainda não indicaram os seus representantes.

Passou do limite

O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma Rousseff junto com a professora Janaína Paschoal, acredita que a publicação de um vídeo obsceno nas redes sociais por parte do presidente Bolsonaro configura “quebra de decoro” e justificaria a abertura de processo de impeachment. Resta agora saber se o próprio Reale encabeçaria este pedido.

Ofensa coletiva

Na terça de carnaval, o presidente divulgou imagens de um bloco de carnaval de SP no qual um homem urina na cabeça de outro (prática sexual conhecida como “golden shower”). Galvão Bueno perguntaria: “pode isso, Arnaldo?” O bloco chama-se “BloCU”. Desfilou defendendo o “respeito à diversidade” e às minorias sexuais. Bolsonaro entende que até o nome do bloco ofende à família brasileira.

Governa, Bolsonaro!

Embora cada vez mais bolsonarista, o líder do PPS na Câmara Federal, Daniel Coelho (PE), avalia que Jair Bolsonaro precisa abandonar de vez o “papel de candidato” para assumir, de vez, o “papel de presidente”. “O Brasil não pode ser guiado por hashtags e algoritmos de internet. É hora de o presidente liderar o país”, disse o deputado.

Em defesa da raça

O deputado Ossésio Silva (PRB-PE) apresentou na Câmara Federal um Projeto de Lei (nº 1179/2019) que torna obrigatória a participação de negros nas peças publicitárias, filmes ou programas veiculados pela administração pública federal, incluindo autarquias, fundações, empresas públicas e as sociedades de economia mista. Como deputado estadual em Pernambuco, Ossésio, que é negro, defendeu com coragem e dignidade os interesses de sua raça.

Meira fica

Em decisão no último dia 7, o juiz da Primeira Vara Cível de Camaragibe negou o pedido de afastamento do prefeito Demóstenes Meira (PTB) solicitado pelo Ministério Público, em ação de improbidade administrativa que visa a apurar fatos relacionados a uma prévia carnavalesca ocorrida no município. A equipe do escritório Beviláqua, Pinto e Albuquerque, responsável pela defesa do prefeito, à frente o advogado Paulo Fernandes Pinto, avalia que não existiam elementos nos autos que fossem capazes de justificar uma medida tão severa como a do afastamento do burgomestre.

Transmissão de cargo

O prefeito de Igarassu, Mário Ricardo (PTB), vai se afastar da prefeitura nesta sexta-feira (8), por apenas 24 horas. Vai passar o cargo para a vice, Elcione Ramos, como forma de homenageá-la pela passagem do Dia Internacional da Mulher. (Do blog do Inaldo Sampaio)

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