segunda-feira, 16 de maio de 2016

Costureira deixa profissão para cuidar de filha que tem tumores na cabeça

Maria do Carmo Clementino é costureira, mas não exerce a profissão. Ela deixou as atividades em Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, para cuidar da filha Izabella Kamylla, de 31 anos, que tem vários tumores na cabeça. "Eu sou muito guerreira, ela me transformou em um soldado de guerra", diz a mãe em entrevista à TV Asa Branca. Sem diagnóstico específico, ela reclama que em Pernambuco não há tratamento adequado para a filha.

Segundo a costureira, a filha tem uma deficiência mental e age como uma criança. No quarto, há bonecas e brinquedos. As convulsões começaram aos cinco dias de vida e pioraram a partir dos seis anos de idade - quando passaram a acontecer quase todos os dias.

"Ela está sofrendo demais e eu sofrendo mais ainda, porque eu não tenho como dar jeito, não tenho como cuidar. Não é fácil ver o filho morrendo nos braços. É a pior coisa que pode acontecer no coração de uma mãe", explica Maria do Carmo.

A mãe conta que Kamylla chegou a ser internada em hospitais do município, no Recife e em São Paulo, mas nunca recebeu um diagnóstico preciso da doença. Os médicos diziam apenas que se tratava de uma epilepsia de difícil controle. Maria do Carmo contou que sem o diagnóstico, as crises eram amenizadas com medicamentos. "Ficou tudo muito difícil para a medicina, que nunca encontrou uma resposta". Hoje, Kamylla toma cinco tipos de remédios diferentes por dia, mas a mãe diz que não dão resultado.

Os tumores foram descobertos após uma crise convulsiva em setembro de 2015. Ela ficou internada no Hospital da Restauração, no Recife, até dezembro. A unidade detectou que Kamylla possui vários tumores no cérebro, mas admitiu que não tem condições de fazer um diagnóstico mais exato e nem pode oferecer o tratamento necessário.

"Dizem que Deus dá as batalhas mais fortes para os melhores soldados, então agradeço a Deus de me dar essa confiança desse anjo para cuidar. E eu vou fazer tudo para mostrar a Deus a confiança que ele teve em mim. Não existe barreiras nem limites para eu ultrapassar", conta a mãe.

Ela lamenta que não existe tratamento em Pernambuco. "O tratamento só existe no Sul. São hospitais que são conveniados pelo SUS [Sistema Único de Saúde]".

Em janeiro deste ano, Maria do Camo conseguiu - através da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco - que todo o tratamento de Kamylla fosse realizado pelo SUS no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, em São Paulo, mas a primeira consulta só está marcada para 11 de janeiro de 2017.

A demora para a consulta preocupa a mãe. "Uma pessoa morrendo nos meus braços hoje, você precisa urgente de atendimento médico. Como pode esperar? A doença não espera a burocracia. Tumores são devastadores. Cuidando da minha filha todo esse tempo, eu vejo a mudança no comportamento dela; está ficando debilitada cada dia que pessa. Ela está convulcionando mais. Então, estou vendo que estou correndo muito risco de perder a minha filha. A doença está avançando muito rápido. De dezembro para cá, Kamylla mudou talvez 60% do comportamento dela. E daqui para janeiro, como vai esperar, como pode?".

De acordo com com Maria do Carmo, em São Paulo será feito um novo exame para descobrir a intensidade dos tumores e o tratamento a ser feito.

A mãe iniciou neste mês uma campanha de venda de camisas e também em um site na internet para ter conseguir viajar para fazer o exame e o tratamento da filha no Sudeste do país.

"Meu intuito neste momento é salvar a vida da minha filha. Eu quero um hospital e o leito de um hospital. Eu quero médicos que entendam [a doença] para tirar a dor e o sofrimento dela. Ela está sofrendo demais e eu sofrendo mais ainda, porque eu não tenho como dar jeito, não tenho como cuidar".

Maria do Carmo diz que "não é fácil ver o filho morrendo nos braços. É a pior coisa que pode acontecer no coração de uma mãe. Uma dor de um filho ela dói mais na gente. A sensação de perda é terrível. A sensação de impotência pior ainda. Eu prometi não chorar mais, mas é impossível você ver o filho morrendo e não fazer nada".

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