Está em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco um projeto de lei do deputado estadual Romero Albuquerque que protege cadelas reprodutoras para fins comerciais. O texto altera a lei nº 16.536/2019, estabelecendo, por exemplo, a proibição da utilização de cadelas em ciclos reprodutivos contínuos e garantindo um intervalo mínimo de um ciclo estral entre as gestações. O ciclo estral é o período reprodutivo das fêmeas dos animais — como cadelas, gatas, éguas e outras espécies — equivalente ao ciclo menstrual das mulheres. De forma prática, o ciclo estral indica quando a fêmea entra no cio, por quanto tempo permanece receptiva ao macho e quando seu corpo descansa após esse período.
O texto também veda a realização de inseminação artificial sem indicação e supervisão de um médico veterinário com registro ativo no Conselho Regional de Medicina Veterinária. Além disso, estipula a proibição de separação de filhotes de suas mães antes dos 60 dias de vida, exceto com indicação veterinária. O projeto também proíbe manter as cadelas reprodutoras em gaiolas ou espaços que impeçam a livre movimentação, prejudicando o bem-estar animal. Outro ponto é a proibição da comercialização de fêmeas gestantes ou lactantes, considerando-se tal prática como exploração reprodutiva abusiva.
O projeto de lei foi inspirado no Trabalho de Conclusão de Curso da estudante de Direito da Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP), Gabriela Moreira Brennand Simões, cujo tema “Abuso e Exploração de Fêmeas Reprodutoras em Canis e o Déficit Legislativo” evidenciou, com profundidade acadêmica e rigor técnico, a existência de graves falhas normativas no ordenamento estadual. Entre os destaques do estudo está a constatação de falta de parâmetros objetivos para o manejo reprodutivo e a insegurança jurídica que dificulta fiscalização e favorece o que chamou de "fábrica de filhotes", nas quais os animais são tratados como instrumentos de lucro.
"Nosso dever é estar atentos às demandas da sociedade e, por isso, assim que soubemos desse estudo, buscamos agir. Tomamos para nós a tarefa de lutar pela defesa dos animais, que não devem ter seu bem-estar e integridade prejudicados em nome do lucro", afirmou o deputado estadual Romero Albuquerque.

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