segunda-feira, 17 de julho de 2023

Mesmo inelegível, Bolsonaro ainda age como presidente na internet

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda fala em “nossa gestão” e usa verbos no presente para mostrar ações do governo dele, apresentadas com muitos números e misturadas a vídeos em que aparece cumprindo tarefas da “vida comum”, nas redes sociais o gesto, segundo especialistas, é uma estratégia para reter um apoio que está cada dia menor e reforçar, simbolicamente, a narrativa de “injustiçado”.

Fora do governo há mais de seis meses, Bolsonaro foi declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral. Paralelo a isso, a aprovação da reforma tributária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva conta como derrota para o ex-governante. Apesar de ele insistir para que o seu partido fosse contra a proposta, o texto contou com o apoio de 20 dos 99 deputados de seu artido, o PL.

No início da semana, Bolsonaro relembrou um decreto antigo, de sua autoria, que estabelece a obrigatoriedade do pregão eletrônico em cidades pequenas. “Essa iniciativa do Governo Bolsonaro amplia a concorrência nas licitações públicas e permite que empresas de todo o Brasil participem destes processos realizados pelos Municípios”, escreveu o ex-presidente O decreto é de setembro de 2019, primeiro ano do governo dele.

O ex-presidente frequentemente apresenta números que demonstram ações da gestão dele e compara suas práticas com as do governo Lula.

POLARIZAÇÃO

A estratégia vem sendo utilizada com mais força em momentos mais sensíveis para o ex-presidente, como a posse de Lula e a decisão do TSE que o tornou inelegível. Nos últimos dias, a aprovação da reforma tributária na Câmara foi o ponto-chave.

“Bolsonaro age com a intenção de atrair parte da opinião pública a favor da sua causa, de que foi supostamente injustiçado e que as forças do Judiciário tentam boicotá-lo. É também uma forma de criar uma situação quase que utópica”, avaliou o cientista político Paulo Ramirez, doutor pela PUC-SP e professor da ESPM.

Como mostrou a Coluna do Estadão, Bolsonaro ainda tem influência no seu segmento político, mas vem em crescente desprestígio entre os pares. A aprovação da reforma expôs essa tendência: enquanto o ex-presidente rivalizou com a proposta, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, buscou apaziguar os ânimos da base e defendeu a negociação de emendas com o governo.

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