quinta-feira, 15 de junho de 2023

Ex-GSI de Lula mandou omitir do Congresso informes da Abin sobre 8/1

Partiu do general Gonçalves Dias, então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) do governo Lula (PT), a ordem para a direção da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) suprimir de relatório entregue ao Congresso Nacional os alertas enviados a ele sobre a ameaça de ataques em 8 de janeiro.

A pedido da CCAI (Comissão de Atividades de Controle de Inteligência), o GSI encaminhou ao Congresso um documento com informes de inteligência disparados pela Abin entre os dias 2 e 8 de janeiro.

A relação, enviada à comissão no dia 20 de janeiro, continha mensagens dirigidas a diferentes órgãos pelo WhatsApp. Não apresentava, porém, os informes que tinham sido enviados, segundo a agência, diretamente a GDias (nome pelo qual o general é conhecido).

A Folha apurou que o general mandou omitir esses informes de uma minuta submetida previamente a ele, sob o argumento de que essa troca de informações não ocorreu por canais oficiais.

A existência de alertas produzidos e encaminhados diretamente a GDias foi revelada pela Folha.

A agência era chefiada à época pelo oficial de inteligência Saulo Moura da Cunha. Ele deixou o posto em março e passou a ocupar um cargo no próprio GSI a partir de abril, durante a gestão de GDias. Pediu exoneração no dia 1º de junho.

Os alertas enviados ao então ministro só chegaram ao Congresso no mês passado, por meio de um novo relatório da Abin —esse com os informes que, segundo a agência, foram disparados diretamente para GDias.

A diferença entre as duas versões dos relatórios foi revelada pelo jornal O Globo e confirmada pela Folha. No total, 11 alertas enviados a GDias foram suprimidos do primeiro documento.

O primeiro pedido de informações ao GSI foi feito em 9 de janeiro pelo então presidente da CCAI, senador Esperidião Amin (PP-SC). Em resposta, a Abin elaborou uma planilha com os informes distribuídos pela agência por WhatsApp no período que antecedeu as depredações na Esplanada.

A Folha apurou que, ao receber essa minuta, GDias determinou que o relatório encaminhado ao Congresso contivesse apenas as informações distribuídas em grupos —tratados como canais oficiais da Abin desde o governo Jair Bolsonaro (PL).

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