O maior problema de gestão política de Lula não está no Centrão, conglomerado de partidos de centro de direita que se abriga em qualquer governo, desde que tenha cargos. Está, na verdade, dentro do próprio PT, o partido oficial, que vive alimentando o fogo amigo para desestabilizar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Ontem, o ex-deputado federal e ex-presidente do PT, José Dirceu, reapareceu em cena e botou o dedo na ferida. Disse que é “quase uma covardia” integrantes do PT não apoiarem as propostas de Haddad. A fala se deu em um podcast da sigla. Afirmou que o debate e discussão de medidas do governo devem ser feitos dentro de ministérios e bancadas do governo –ou seja, de maneira interna. Uma vez acordadas, seria papel da sigla sustentar e apoiar as propostas, segundo ele.
“Não adianta criticar o Haddad, que é ministro da Fazenda, porque a política econômica é do governo do presidente Lula“, disse Dirceu ao ser questionado se as propostas de Lula e as propostas de Haddad seriam diferentes. Em 2023, Haddad e figuras do PT divergiram publicamente sobre a meta de déficit zero do Ministério da Economia.
Uma resolução da sigla chegou a chamar a medida de “austericídio fiscal”. Em uma entrevista no começo de 2024, Haddad se defendeu das críticas do próprio partido dizendo que podem “celebrar Bolsa, juros, câmbio, emprego, risco-país, PIB [Produto Interno Bruto] que passou o Canadá, essas coisas todas, e simultaneamente ter a resolução que fala ‘está tudo errado, tem que mudar tudo’”.
Depois da publicação, figuras do partido repercutiram a fala do ministro da Fazenda. Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que o partido está no “direito” de alertar o governo sobre uma “política fiscal contracionista” e que não considera estar “tudo errado” com as propostas da Fazenda. O também deputado petista, Lindbergh Farias (PT-RJ), foi às redes sociais comentar a entrevista de Haddad. Ele também negou que o partido diga que “está tudo errado”. Disse que o governo teve muitos acertos, mas que a meta de déficit zero não seria uma delas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário