sábado, 23 de setembro de 2023

Nota militar incendiou golpistas após ser omitida do Alto Comando do Exército

Em 10 de novembro de 2022 em Brasília, um general olhou pela janela do segundo andar do Forte Caxias, o Quartel-General do Exército, e viu a multidão de pessoas e tendas na praça dos Cristais.

Horas antes ele havia recebido uma nota, assinada pelos comandantes Freire Gomes (Exército), Almir Garnier (Marinha) e Baptista Junior (Aeronáutica), que seria publicada no dia seguinte.

Freire Gomes, de forma discreta, havia enviado o texto previamente para poucos colegas de farda. Ele não tinha avisado ao Alto Comando que a nota seria publicada e omitira a informação do encontro que teve naquele dia com todos os generais do Exército.

O dia da publicação da nota seria 11 de novembro —data em que, em 1955, o general Henrique Lott promoveu um golpe preventivo e garantiu a posse de Juscelino Kubitschek. Segundo seis oficiais-generais ouvidos pela Folha, a escolha da data foi uma coincidência.

O militar que recebeu o texto de forma antecipada disse a Freire Gomes que o tom parecia adequado e não sugeriu alterações. Olhando pela janela, porém, ele avaliou que a nota tinha um teor excessivamente bolsonarista e poderia incendiar o acampamento, de acordo com seu próprio relato à Folha.

A construção da nota começou uma semana antes, quando os comandantes participaram de reuniões fora da agenda com Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada.

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