quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Ciclone deixa 21 mortos no Rio Grande do Sul

Um ciclone deixou 21 mortos no Rio Grande do Sul, anunciou nesta terça-feira (5) o governador Eduardo Leite, enquanto autoridades alertavam para a possibilidade de novas enchentes.

“É com muita tristeza que recebemos a noticia de que, com as águas baixando, centenas de pessoas foram resgatadas, mas recebo agora a informação de 15 corpos localizados no município de Muçum. Isso nos causa imensa dor e eleva o número de mortos de 6 para 21”, informou o governador. “É o maior número de mortos em um evento climático no estado”, acrescentou.

O ciclone impactou mais de 67 municípios e mais de 52 mil pessoas foram afetadas, enquanto autoridades reportaram quase 6 mil pessoas que deverão abandonar suas casas.

O governo do Rio Grande do Sul descreveu o fenômeno, iniciado ontem, com “queda de granizo, ventos fortes e tempestades”, que causaram “deslizamentos e inundações”. A água do rio Taquari “subiu muito rapidamente”, disse Leite.

O portal g1 relatou a morte de outra pessoa em Santa Catarina. Pela manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou em seu programa semanal nas redes sociais solidariedade às populações afetadas e declarou que seu governo está “pronto para ajudar”.

– Acessos bloqueados, famílias ilhadas –

Na cidade de Passo Fundo, um homem morreu eletrocutado, e em Ibiraiaras um casal perdeu a vida quando seu carro foi arrastado pela correnteza no momento em que atravessava uma ponte.

Uma idosa morreu ao cair no rio enquanto era resgatada: o cabo em que era levada por um socorrista se rompeu. O socorrista ficou em estado grave. “Estamos nos esforçando para salvar vidas e proteger as pessoas”, disse o governador.

Centenas de efetivos dos bombeiros, da Defesa Civil e da polícia militar, bem como voluntários, participam das operações de resgate e desbloqueio de acessos a localidades que ficaram isoladas devido às chuvas.

“Há muitas famílias ilhadas, muitas pessoas ainda em risco”, ressaltou Paulo Pimenta, secretário de Comunicação do governo, que anunciou o envio de quatro helicópteros para se somarem aos três mobilizados pelo estado nas operações de socorro.

Pimenta também viajará até a área afetada nesta quarta-feira, juntamente com uma comitiva do governo, acrescentou.

Autoridades alertam que novos desastres podem ocorrer na região: alguns rios ultrapassaram os níveis de inundação e novas chuvas são esperadas a partir de quinta-feira.


– Fenômenos extremos –

O Brasil sofre com fenômenos extremos frequentes e cientistas não descartam uma ligação com os efeitos das mudanças climáticas.

Em junho, também no Rio Grande do Sul, um ciclone deixou 13 mortos, enquanto milhares de pessoas foram evacuadas ou perderam suas casas.

Em fevereiro, 65 pessoas morreram em deslizamentos causados por chuvas recorde que atingiram São Sebastião, destino turístico praiano a cerca de 200 km da cidade de São Paulo. Naquela ocasião, mais de 600 mm de chuva caíram em 24 horas, mais do que o dobro do esperado para o mês.

Especialistas também atribuem os efeitos devastadores à urbanização descontrolada. Aproximadamente 9,5 milhões dos 203 milhões de habitantes do país vivem em áreas de risco sujeitas a deslizamentos ou enchentes.

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