segunda-feira, 4 de julho de 2022

Patrocinada pelo governo, vacina brasileira está na 1ª fase há 6 meses



A vacina contra a Covid-19 desenvolvida por pesquisadores brasileiros enfrenta dificuldades para avançar. O imunizante, financiado pelo governo federal por meio da RedeVírus, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), encontra-se na fase um de ensaios clínicos desde o início do ano as informações são do Metrópoles.

Os testes começaram em 13 de janeiro no Hospital da Bahia, localizado em Salvador. Inicialmente, a etapa estava prevista para ter duração de três meses e aplicaria a vacina em 90 voluntários.

O estudo, no entanto, não avançou para a próxima fase por falta de voluntários. Até o momento, apenas 39 pessoas foram vacinadas com pelo menos uma dose.

Segundo o MCTI, o governo já investiu mais de R$ 15 milhões no desenvolvimento do imunizante.

Entenda a demora no processo de produção

Anamélia Lorenzetti Bocca, professora de Imunologia Celular na Universidade de Brasília (UnB), diz que é possível analisar o cenário de demora na produção do imunizante de duas formas. O primeiro, explica ela, é que o Brasil não tem mais um grupo de “não vacinados”.

“A gente tem que considerar que, quando os ensaios clínicos de fase um começam, a gente tem que ter um grupo que é chamado de placebo — que não vai receber a vacina — e a gente precisa ter um grupo imunizado”, esclarece a professora.

Ela acrescenta: “Neste momento, a gente não tem mais pessoas que são consideradas grupo placebo, porque a população que não se vacinou não quer participar de nenhum desenvolvimento de vacina, porque ela é contra a vacina. E as pessoas que são a favor da vacina já foram imunizadas”.

A docente de Imunologia Celular cita como exemplo a Butanvac, vacina fabricada totalmente no Brasil e que solicitou registrou junto à Anvisa como “vacina de imunização”, mas que precisou mudar o pedido no meio do processo de produção.

“Agora eles mudaram o pedido do registro junto à Anvisa para a Butanvac ser uma vacina de reforço, porque eles só conseguiram avaliar a efetividade dela como um reforço vacinal, e não mais para induzir uma resposta imune”, argumenta.

De acordo com Anamélia, a segunda análise para a demora na produção da vacina patrocinada pelo governo é que o país carece de uma “infraestrutura adequada”.

“Esse avanço de uma fase de produção para outra precisa de recursos; precisa de investimentos; precisa ter uma organização e ter recursos dados para o Butantan, por exemplo; ter plataformas mais modernas de desenvolvimento de vacinas. Isso é uma coisa que a gente não tem”, justifica.

Ela diz que não é estranho o fato da vacina financiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia não ter conseguido avançar como o esperado, apesar do montante já investido no imunizante.

“A gente não tem uma infraestrutura adequada, porque os governos passados deixaram de investir nisso. Agora, mesmo com essa urgência e todo o projeto do governo, na verdade o que precisava era ter feito um aporte de recursos financeiros muito maior do que eles fizeram”, avalia a professora da UnB.

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