sábado, 11 de junho de 2022

PT e PSB não conseguem desemperrar alianças em RS, SP e ES



A cinco dias de expirar o prazo estabelecido pelas cúpulas do PT e do PSB para o fechamento dos acordos para as chapas estaduais, dirigentes dos dois partidos já não nutrem esperanças de resolverem os impasses.

Os mesmo nós que existiam no início do mês, quando o prazo do dia 15 de junho foi estabelecido pelas direções das duas legendas, permanecem atados, ou seja, longe de um desfecho que possa colocar petistas e socialistas unidos em chapas estaduais. São essas mesmas amarrações que inviabilizaram, no início do ano, a formação de uma federação entre os dois partidos.

Diante disso, lideranças das duas legendas, juntas na chapa nacional formada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), não mais acreditam em acordos até a próxima quarta-feira (15/6).

O prazo foi combinado em uma reunião da presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e do PSB, Carlos Siqueira.

Rio Grande do Sul

Em alguns estados, a amarração está ainda mais apertada. É o caso do Rio Grande do Sul, onde o pré-candidato do PSB, Beto Albuquerque (PSB), chegou a ensaiar uma aliança com o PDT, de Ciro Gomes (CE). Na última semana, Beto se reuniu, em Brasília, com Siqueira e teve a construção da aliança com o PDT vetada pela direção nacional.

O presidente do partido deixou claro ao gaúcho que, se ele insistir na aliança, estará infringindo uma decisão nacional da legenda de se aliar a quem tivesse mais chances de derrotar o bolsonarismo, ou seja, o PT de Lula.

O acordo com Beto foi incentivado por Ciro, que sonhava com um palanque forte no estado. A ideia era o PSB lançar Beto Albuquerque como cabeça de chapa e o PDT retirar o nome de seu pré-candidato no estado, o ex-deputado Vieira da Cunha, que passaria a ser candidato a vice.

Constrangimento

Em contraponto, o PT gaúcho, comandado pelo deputado Paulo Pimenta, também vai na mesma linha, defendendo o nome de Edegar Pretto como candidato.

O pacto para resolver as alianças até o dia 15 de junho foi feito no dia 31 de maio, véspera do dia em que Lula e Alckmin viajaram ao estado para uma série de agendas políticas. O prazo seria uma forma de se contrapor ao clima de tensão que rondava a viagem, entretanto, não foi suficiente para evitar constrangimentos.

Beto Albuquerque não compareceu aos eventos da chapa. Um dia antes da viagem, ele chegou a receber uma ligação de Gleisi que o questionava “se estava tudo certo para participar dos eventos”. Respondeu que não havia sido convidado, e que, portanto, não iria.

Lula, de acordo com membros do partido, nos bastidores, deu uma dura na direção do partido no estado e completou com um apelo público por diálogo e união de forças: “Tomem um aperitivo e achem uma solução”. Desde então, segundo membros do PT no estado, nada foi conversado.

Edegar Pretto segue com sua agenda de pré-candidato, e o PT no estado marcou convenção para o dia 24 de julho a fim de definir o seu nome na corrida eleitoral. Na próxima quarta-feira, Pretto inaugura uma série de “assembleias populares” com vários setores para formar o seu programa de governo. O planejamento é chegar na convenção com o texto pronto.

O que se sabe até o momento é que pelo menos até o dia 20 de junho a questão eleitoral do Rio Grande do Sul ainda não será resolvida. Uma reunião do comitê eleitoral do PSB está marcada para a data, e espera-se, no partido, que esse encontro sirva para uma decisão.

Fator Leite

Enquanto o impasse permanece, a entrada do ex-governador Eduardo Leite na disputa pelo Palácio Piratini mexe com o tabuleiro político gaúcho. Na avaliação de integrantes da aliança de Lula, a volta de Leite à corrida aumenta ainda mais necessiade de união das forças de centro-esquerda no estado.

A expectativa é de que o tucano lance o seu nome na próxima segunda-feira (13/6) em uma aliança com o MDB. A costura obedece ao acordo firmado no plano nacional de apoio dos tucanos à candidatura da senadora Simone Tebet.

Leite, vem se configurando como preferido nas pesquisas realizadas até o momento, e já está viajando o estado com agenda de candidato.

São Paulo

O mesmo clima de estagnação na conversa ocorre em São Paulo, onde o ex-governador Márcio França (PSB) também resiste a retirar o seu nome da disputa ao governo e o PT insiste na candidatura de Fernando Haddad.

No plano nacional no entanto, as duas legendas ainda consideram que, caso haja uma desistência de França em São Paulo, o PT possa retribuir no Rio Grande do Sul com a desistência de Pretto. Mas essa costura não caminhou nos ultimos dias.

Espírito Santo

No Espírito Santo, onde o governador Renato Casagrande é candidato à reeleição, o PT deverá abrir mão da candidatura do senador Fabiano Contarato. Só que outro problema vem assombrando as conversas entre as duas legendas.

Casagrande havia apostado no antipetismo, que foi forte no estado, e se surpreendeu com pesquisas locais que apontaram Lula na frente do ex-presidente Jair Bolsonaro. A partir da constatação desse cenário, o atual governador, que já havia recebido no estado o ex-juiz Sergio Moro e flertava com a chamada terceira via, passou a chamar os petistas para seu palanque.

O problema é que Casagrande impôs ao PT uma nova condição: dar o apoio a seu nome, mas sem ter lugar na chapa majoritária, ou seja, sem o direito de disputar como vice ou como candidato ao Senado. A exigência tem emperrado a conversa com a legenda de Lula, em mais um caso que não deverá ser resolvido até o dia 15 de junho.

Outras pendências

Além das disputas por governos estaduais, há ainda impasses entre o PSB e o PT envolvendo as candidaturas ao Senado de André Ceciliano (PT) e Alessandro Molon (PSB), no Rio de Janeiro, onde o candidato apoiado por Lula ao governo é Marcelo Freixo (PSB). No Rio, a indefinição continua.

Pernambuco foi o único estado onde PT e PSB conseguiram entrar em acordo, isso antes da desistência da federação por parte das duas legendas. No caso pernambucano, o senador Humberto Costa (PT) abriu mão de se candidatar ao governo e o PSB lançou o nome do deputado Danilo Cabral ao governo do estado. O PT ficou com a vaga de vice, com Teresa Leitão. (Do Metrópoles)

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