terça-feira, 19 de abril de 2022

Ampliar as forças é a solução



Por Elias Gomes

As lideranças que compõem a Frente Popular de Pernambuco precisam fazer uma mais apurada análise da conjuntura política. É sabido que os desgastes decorrentes dos anos que essa aliança exerce hegemonia no estado, requer não apenas a manutenção da sua unidade, como também exige a sua ampliação, senão agregando novos partidos, mas trazendo setores e espectros ideológicos mais amplos. No passado o ex-governador e ideólogo da frente, Miguel Arraes, já usara essa estratégia de amplificação da base social e o espectro ideológico, ao trazer Antônio Farias para o senado, algo repetido pelo jovem e talentoso governador Eduardo Campos, quando a sua situação eleitoral era confortável, cedendo o senado para Armando Monteiro.

Hoje, quando a situação eleitoral da frente, embora com a força representada pelo amplo leque de apoios partidários e atores políticos do estado, não oferece conforto e exige a ampliação do espetro ideológico, oferecendo protagonismo aos setores mais ao centro e à direita, na busca de falar com o campo mais liberal da sociedade. É assim que se constituem as frentes políticas, onde a situação exige ampliação, pois somente ela, nessa conjuntura, garantirá a musculatura necessária para o grande desafio das forças que hegemonizam a atual coalizão.

No nível nacional, o líder da coalização, o ex-presidente Lula, já compreendeu e fez valer o seu entendimento, ao trazer para compor a sua chapa na condição de vice presidente, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmim, que sabidamente foi crítico do PT, porém faz um inflexão, diante dos riscos oferecidos à democracia pelo atual presidente da república. O PT que reagiu à decisão do seu candidato a presidente, curvou-se à ousada iniciativa do seu líder.

Diante desse movimento nacional, onde o PT aceita e apoia a futura chapa Lula/Alckmin, o que faz esse mesmo PT, ao fazer restrições ao nome de André de Paula, presidente estadual do PSD e nome defendido pelo seu presidente nacional Gilberto Kassab, de quem o próprio PT precisará para ampliar a sua aliança nacional? Claro, miopia política ! Ao meu ver o PT-PE, deve deixar de lado o perfeccionismo ideológico e contribuir para ampliar as chances de vitória no estado – compor a chapa como vice e retirar o veto a um dos melhores e mais corretos quadros da política pernambucana – o deputado André de Paula, evitando uma chapa que somente estreitará o espaço a ser percorrido pelo projeto de uma vitória da frente.

A ausência de André na chapa majoritária, significará a não expressão do conjunto da frente popular, que vai além do PSB, PT e PCdoB. Ela é muito mais ampla e precisa se expressar na composição da chapa, caso contrário, onde se fará representar o PP, PSD, MDB, Republicanos, Avante, dentre outros partidos que se situam ao centro ou mais à direita ? Assim como o desafio nacional, aqui como lá, a grande tarefa é ampliar e reduzir o espaço de atuação das forças de oposição. Ou a FP está com a eleição resolvida a ponto de abdicar de um movimento de ampliação pretendida pelo coordenador da sua sucessão, restringindo a frente à esquerda na sua representação majoritária?

Elias Gomes,ex-deputado, ex-prefeito do Cabo de Santo Agostinho e Jaboatão dos Guararapes

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