sábado, 7 de março de 2020

Presidente do INSS diz que agora não é momento para concurso


Por O Globo

Em sua primeira entrevista exclusiva após assumir a presidência do INSS, Leonardo Rolim afirma que a origem da crise das filas está numa decisão tomada no governo de Dilma Rousseff, que incentivou a aposentadoria de servidores. Segundo ele, o instituto tem a meta de se tornar uma grande agência social do governo, capaz de oferecer serviços de Previdência e trabalho.

Para isso, precisará de servidores qualificados e de concursos, embora essa opção não seja possível no momento. Outro entrave é a deficiência tecnológica. A velocidade de internet é de 512 KB, muito abaixo da média da banda larga no país, de 24,6 megabits por segundo.

O INSS terá de se preparar para atender servidores públicos, conforme o previsto com a unificação de regras na reforma da Previdência.

Como é assumir uma das piores empresas públicas na prestação de serviços ao cidadão?

- O INSS tem tradição de enfrentar desafios e vencê-los. Entre 2005 e 2008, havia o problema das filas, pessoas dormindo na frente do INSS para pegar uma senha. Foi criado o agendamento, as pessoas marcavam e eram atendidas rapidamente. Foi criada a gratificação por desempenho. O INSS passou a ter uma gestão orientada a resultados, foi instalado um painel de monitoramento que permitia saber quantas pessoas esperavam nas agências, que horas chegaram, quem cada servidor atendeu, em tempo real.

Por que a situação piorou?

- O Brasil foi envelhecendo, e as mudanças tecnológicas passaram a exigir mais. Aquele modelo antigo começou a ficar defasado. Entre 2015 e 2016, o prazo médio de agendamento para atendimento estava entre 50 e 60 dias e, em alguns estados, chegava a seis meses. Esse problema culminou com a greve em 2015, e a solução dada pela ex-presidente Dilma Rousseff foi algo irresponsável, o principal problema do estoque temos hoje.

Como assim?

- A greve teve como uma das motivações a gratificação de desempenho, que não era levada integralmente pelo servidor na aposentadoria. Foi feito um escalonamento, e a partir de 1º de janeiro de 2019, o servidor poderia levar 100% da gratificação na aposentadoria, o que gerou um fluxo enorme de aposentadoria. Uma grande quantidade de servidores tirou férias ou entrou em licença prêmio, o que reduziu a quantidade de pessoas trabalhando. Além disso, como a gratificação deixou de ser aplicada, e todo mundo passou a receber 100%, independentemente de performance, houve uma acomodação natural.

O INSS não fez nada?

- Antecipou a implantação do INSS digital no início de 2018. As pessoas não precisam mais ir ao INSS para dar entrada no seu requerimento. Podiam fazer isso no 135 ou no aplicativo pelo celular. Porém, faltou o outro lado, que é acelerar a análise. Aquela fila que estava escondida no agendamento ficou explicitada. No segundo semestre de 2018, chegou ao ápice, em torno de 2,3 milhões de requerimentos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário