terça-feira, 19 de novembro de 2019

Setor de Tecnologia e Inovação discute ampliação de espaços para mulheres

A governadora em exercício Luciana Santos coordenou, nesta segunda-feira (18), mais um fórum de diálogo do Pernambuco Com Elas, desta vez com o setor de Tecnologia e Inovação, no qual, tradicionalmente, os homens são maioria. Como resultado do encontro, compartilhamento de informações e propostas no sentido de garantir mais emprego, renda e autonomia para as mulheres na área. Participaram da reunião, além de representantes do governo, parques tecnológicos, empresas de tecnologia, alunas da rede estadual de ensino e institutos de pesquisa e inovação.

“Quando a gente fala da luta da emancipação da mulher, há dois pilares fundamentais, um é a autonomia financeira e, no plano das ideias, o outro é o enfrentamento a uma cultura secular machista e patriarcal. Aqui, no Pernambuco Com Elas, vamos apresentar um plano inovador pela inserção justa e cidadã das mulheres no mercado de trabalho, gerando emprego e renda para elas”, apresentou Luciana.  

As mulheres são 31,4% no mercado de trabalho formal na área de Tecnologias, Informação e Comunicação (TIC). Houve uma queda da participação feminina, já que em 2015, elas ocupavam 43,3% das vagas. Também possuem uma média de salário mais baixa que os dos homens nesse setor. Se a média salarial delas é R$3.014, a deles é R$ 3.446.

De acordo com dados apresentados pelo secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, entre 2007 e 2018, as indústrias de média-alta e alta intensidade tecnológica de Pernambuco dobraram a sua participação nos empregos formais (RAIS), de 8,8% para 17,6%. Entretanto, as mulheres só ocupavam 18% dos postos de trabalho na área em 2018.

“Precisamos resolver essa equação para que possamos transformar esse percentual de empregabilidade e formação”, disse Lessa, em relação a essas vagas que exigem mais conhecimento e que oferecem melhores salários, como na indústria automotiva, petroquímica e farmoquímica.

Em 2018, os serviços intensivos em conhecimento passaram a representar 15,4% dos empregos formais do setor terciário. Em 2007, eram apenas 10%. Nesses serviços, as mulheres ocupam 58%, com destaque para as áreas de saúde, educação e TIC.

Entre outras iniciativas já desenvolvidas pelo governo, Lessa citou a expansão de 28% do ensino superior em geral em Pernambuco e destacou que 60% dos concluintes são mulheres. Mencionou ainda a ampliação do orçamento da Facepe (Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco), que hoje tem 56% das bolsas ocupadas pelo público feminino.  “Isso mostra as prioridades que são distintas entre o que faz Pernambuco, valorizando a formação e a pesquisa, e o que está acontecendo no governo federal, que cortou as bolsas”, comparou.

Em termos regionais, o secretário chamou a atenção para a necessidade de articulação. “Precisamos colocar o consórcio e a bancada do Nordeste para executar as políticas de interesse da região. Não podemos esperar Brasília olhar para nós”, disse.

A pasta trabalha hoje para ampliar a formação e estimular a participação das mulheres nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia, matemática e computação (STEM), insumos para desenvolvimento de tecnologia e inovação.

O secretário destacou uma política de interiorização das ações da pasta, para fortalecer as vocações do Agreste. Nesse sentido, anunciou o lançamento do projeto Minas (Mulheres em Inovação, Negócios e Artes) do Agreste, ação de fomento ao empreendedorismo e inserção profissional com foco na equidade de gênero, que agora deve chegar ao Agreste, por meio de parceria com o Porto Digital.  

Outras propostas para novas iniciativas são o Programa de Residência Tecnológica, com corte específico para mulheres mestres e doutoras; implantação de novos Centros Vocacionais Tecnológicos com foco nas mulheres em situação de vulnerabilidade, visando promover a integração socioprodutiva e autonomia financeira das mulheres usuárias do CISAM/UPE; além da exposição "Mulheres na Ciência", organizada pelo Espaço Ciência em parceria com o Museu Ciência e Vida de Duque de Caxias (RJ), para difundir a contribuição das mulheres na produção científica, estimulando as meninas a também se envolverem na área e serem futuras cientistas.

O interesse das garotas pelas ciências existe. Um grupo de alunas da Escola Técnica Estadual Porto Digital, o OxenteGirls, apresentou na reunião o Twogether, um aplicativo desenvolvido por elas que compartilha informações de gestação entre o casal, como forma de engajar o parceiro nos cuidados com a gravidez.

A ferramenta levou as meninas ao Technovation Challenge, uma competição mundial que tem por objetivo envolver jovens mulheres no mercado empreendedor de tecnologia e inovação.  Lessa sugeriu que o app seja apresentado ao complexo hospitalar da Universidade de Pernambuco (UPE), que possui área de atendimento às mulheres.

De acordo com Pierre Lucena, presidente do Porto Digital, não há gente suficiente para trabalhar na área de tecnologia, não só em Pernambuco, mas no mundo todo. “Se a gente não ampliar a participação feminina, não teremos como resolver isso. Hoje, só 20% das pessoas no Porto Digital são mulheres. E vai piorar. Só 15% dos novos alunos em Ciências da Computação são meninas. Ou o Brasil tem projeto nacional de formação nessa área - incluindo as classes C, D e E - ou não vamos a lugar nenhum”, opinou.

Como exemplo das ações desenvolvidas pelo Porto Digital, Lucena apresentou o Minas, que visa fortalecer a presença das mulheres na área de Tecnologia da Informação, Comunicação e Economia Criativa. O projeto, que inclui a construção de uma creche, é realizado a partir de emenda parlamentar de autoria de Luciana Santos enquanto deputada federal.

“Se conseguirmos formar mais mulheres, podemos resolver essa falta de profissionais. Gasta-se de 15 a 20 mil reais para formar uma pessoa nesta área. Temos que pensar que esse valor está sendo investido não só na formação, mas na geração de um emprego, já que há demanda”, defendeu.

Pernambuco Com Elas

O Pernambuco por Elas reúne as ações do Grupo de Trabalho sobre Mulheres e o Mercado de Trabalho em Pernambuco, instituído pelo decreto Nº47.386, de 30 de abril de 2019. O objetivo é fortalecer, direcionar e ampliar as políticas públicas de trabalho e renda para mulheres, que serão avaliadas e vão contribuir para a construção do Pacto pelo Emprego, com o fortalecimento feminino no setor produtivo.

A iniciativa pretende envolver todas as esferas do governo e da sociedade em um grande esforço por maior equidade no mundo do trabalho. Por isso, a equipe do GT tem promovido fóruns de diálogo com os diversos setores sociais, para colher informações e propostas. As primeiras reuniões foram com representantes do Sistema S, da Educação e da Cultura.  

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