segunda-feira, 10 de junho de 2019

Teresa Leitão adverte para “apagão de professores” em encontro nacional de membros de comissões de educação dos poderes legislativos no Brasil


Em seu pronunciamento no 1º Encontro Nacional dos Presidentes e Vice-presidentes das Comissões de Educação das Assembleias Legislativas, ocorrido na última sexta-feira (7) em Florianópolis (SC), a deputada estadual Teresa Leitão (PT) defendeu atenção dos poderes públicos às metas do Plano Nacional de Educação que dizem respeito ao Piso Salarial e a Carreira dos professores e ao estímulo a contratação de mais profissionais por concurso público.

“Ainda é muito grande a falta de professores em determinadas disciplinas e apenas 2,3% dos jovens querem seguir a carreira. Se isso não for encarado como uma prioridade, teremos um apagão de professores e professoras”, disse Teresa, que é membro da Comissão de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa. Pernambuco foi representado por Teresa Leitão e pelo vice-presidente do colegiado no Estado, Professor Paulo Dutra (PSB).

O encontro reuniu parlamentares, educadores e pessoas interessadas na luta em defesa da educação brasileira, 44 lideranças políticas de 15 partidos diferentes de 23 estados brasileiros, e lançou a “Carta de Florianópolis”, documento que defende principalmente aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que torna o Fundeb uma política permanente de financiamento da educação básica e a retomada da implementação do Plano Nacional da Educação (PNE).

A deputada estadual de Santa Catarina e presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa no Estado, Luciane Carminatti (PT/SC), idealizadora do evento, explicou que na carta há um consenso com a preocupação em manter o Fundeb permanente e aumentar a contribuição da União para viabilizar o cumprimento das metas previstas no PNE.

O documento será encaminhado ao Ministério da Educação (MEC), governadores, senadores, deputados federais e estaduais, tribunais de contas, ministérios públicos estaduais e outras entidades preocupadas com o setor.

Instituído pela Emenda Constitucional 53/2006, o Fundeb substituiu o Fundef, que vigorou de 1998 a 2006. A transição significou o aumento da complementação da União aos fundos estaduais, de R$ 492 milhões, em 2006, para cerca de R$ 14 bilhões, em 2019. Isso representa 10% do total de recursos do fundo, custeado majoritariamente por estados e municípios. Mais de 60% de todo o investimento em educação pública do país provém do fundo. O Fundeb vai expirar em dezembro de 2020 e várias propostas de emenda à Constituição (PEC) que o tornam permanente tramitam no Congresso Nacional.

Carta de Florianópolis

Nós, deputados e deputadas estaduais, reunidos no Primeiro Encontro Nacional de Presidentes e Vice-Presidentes de Comissões de Educação das Assembleias Legislativas para debater e buscar estratégias de garantia do financiamento e execução das Metas do Plano Nacional de Educação, que, na atual conjuntura, se encontra sob ameaça, assumimos o compromisso de nos tornarmos instâncias de mobilização permanente junto à sociedade civil, Administrações e Câmaras Municipais, a representação da bancada federal de cada unidade da federação.

Colocar em movimento e em articulação essas instâncias é uma atitude estratégica neste momento crucial para educação brasileira, considerando a capilaridade e a proximidade com a população, as administrações e Câmaras Municipais, próprias dos legislativos estaduais, assim como a capacidade de articulação com as representações de cada unidade federativa no Congresso Nacional.

Destacamos a importância de aprovação da PEC que torna o Fundeb uma política permanente de financiamento da educação básica. Acreditamos que a relevância do Fundeb para a conquista de alguns indicadores positivos na construção da qualidade do ensino e da valorização profissional é um ponto pacificado no Brasil, e apelamos à continuidade da ação coordenada entre as duas Casas do Congresso Nacional para consolidar a máxima convergência entre os textos em tramitação.

Consideramos muito relevante o redimensionamento da participação dos entes federados na manutenção e aprimoramento do Fundeb, notadamente de parte da União. Neste aspecto, o financiamento da educação básica precisa ser um indutor efetivo do regime de colaboração entre União, Estados e Municípios. Não é possível que à União não sejam exigidas parcelas maiores de contribuição na busca de universalização da educação básica brasileira com qualidade e equidade.

Neste sentido, o novo Fundeb deve ser incorporado às disposições permanentes da Constituição Federal visando:

Manter a cesta de recursos obrigatórios, vinculados nas três esferas da administração;

Assegurar a distribuição proporcional dos recursos em relação às matrículas de cada rede;

Ampliar progressivamente a complementação da União para o mínimo de 40% da soma de todos os fundos estaduais;

Limitar a 30% a apropriação de recursos federais vinculados a manutenção e desenvolvimento da educação para efeitos da complementação federal;

Avançar na perspectivas de alcançar a distribuição da parcela de complementação federal diretamente às redes de ensino com menores capacidades fiscais, considerados todos os recursos vinculados a manutenção e desenvolvimento do ensino;

Configurar como crime de responsabilidade o descumprimento de seus dispositivos;

Incrementar e tornar efetivo o seu controle social, interno e externo;

Estabelecer a vinculação obrigatória de tributos derivados da exploração de petróleo, gás natural e outros recursos minerais;

Impedir que as novas vinculações sejam substitutivas dos recursos já comprometidos com a atual cesta de impostos;

Destinar, pelo menos 75% dos recursos para gastos com a remuneração dos profissionais da educação;

Relativizar o impacto dos gastos com pessoal da educação para efeitos da lei de responsabilidade fiscal;

Assegurar o incremento real do piso salarial profissional nacional do magistério e regular a instituição do piso salarial profissional nacional dos demais profissionais da educação;

Vedar a utilização dos recursos vinculados à manutenção e desenvolvimento do ensino para pagamento de benefícios previdenciários de aposentadorias e pensões;

Constitucionalizar o custo aluno qualidade como referência do financiamento;

Considerar indicadores sociais e econômicos para efeitos redistribuição equitativa;

Revogar a EC (Emenda Constitucional) 95

Destacamos, ainda, a urgência da retomada de implementação do Plano Nacional de Educação, aprovado com ampla participação da sociedade, em um rico professo de construção de consensos. É sabido por todos que o PNE está com atrasos significativos no alcance das metas e estratégias previstas em lei. A nossa preocupação aumenta em relação ao PNE, frente a aprovação de medidas governamentais que vão de encontro aos seus dispositivos e que implicarão negativamente na construção do Sistema Nacional de Educação.

Reafirmamos o nosso compromisso com a defesa e a promoção da educação pública e envidaremos todo o nosso espaço de representação popular na busca de alternativas que superem limites e restrições impostos aos direitos sociais.

Nos somamos à voz das ruas que pavimentam a esperança em caminhos que se alarguem na direção da qualidade da educação, na elevação de investimentos e no respeito aos educadores e educadoras. Repudiamos os cortes nas bolsas de estudo e de pesquisa, nos recursos discricionários imprescindíveis à manutenção e aprimoramento das instituições federais de ensino superior e de educação profissional e tecnológica.

Diante dos acertos e do esforço empreendido para o êxito do Primeiro Encontro Nacional de Presidentes e Vice-Presidentes de Comissões de Educação das Assembleias Legislativas, propomos que este evento se torne regular nas nossas agendas e que seja realizado o próximo encontro no segundo semestre de 2019 e assumimos o compromisso de promover frentes parlamentares estaduais entre as Assembleias Legislativas e as Câmaras Municipais e promover os pactos pelo Fundeb permanente entre a bancada federal de cada unidade da federação, assembleias legislativas e representações da Undime.

Nenhum comentário:

Postar um comentário