Por Inaldo Sampaio |
O presidente nacional do PSDB e candidato derrotado à Presidência da República, Geraldo Alckmin, bateu boca nesta terça-feira (9) durante reunião da direção do partido com o candidato tucano ao governo de São Paulo, João Doria, eleito prefeito da capital paulista em 2016 com apoio dele.
Dória defendia que o partido apoiasse Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial e Alckmin queria a neutralidade. Os dois bateram boca na reunião e Doria foi chamado de “traidor” por ter feito corpo mole em São Paulo em defesa do seu padrinho político.
Tucanos de alta plumagem como FHC, José Serra, Alberto Goldman e Andrea Matarazzo (hoje fora do partido) não foram a favor da escolha de Doria para disputar a prefeitura porque não confiavam nele.
Achavam-no um espertalhão, oportunista, enganador e não confiável, mas ainda assim Alckmin resolveu investir nele, que se elegeu no primeiro turno com 53% dos votos válidos prometendo cumprir o mandato até o fim.
Resultado: não cumpriu o mandato e ainda tentou passar a perna em Alckmin para ser o candidato do partido a presidente da República. Não conseguiu e se candidatou a governador, e antes mesmo de serem contados os votos do primeiro turno já declarou apoio a Bolsonaro por puro oportunismo político.
Alckmin pagou o preço de sua teimosia política e certamente dará o troco neste segundo turno apoiando o governador Márcio França (PSB), que pelo menos é um homem de caráter.
“Não apoiaremos nem o PT nem o candidato Bolsonaro. O PSDB decidiu liberar seus militantes e seus líderes”, informou Geraldo Alckmin após o término da reunião. Ele disse que essa posição é coerente com o que sempre defendeu ao longo de sua campanha à Presidência da República: que os “extremos” não são a solução para o país.
Durante a reunião, Doria cobrava do partido mais ajuda financeira às campanhas dos candidatos a governos estaduais que passaram para o segundo turno, como é o caso dele. Alckmin o interrompeu com esta frase: “Traidor, eu não sou”.
Doria, ouvido a respeito, minimizou o episódio dizendo que Alckmin está “emocionalmente abalado” por ter obtido menos de 5% dos votos no primeiro turno da eleição.
“Se Geraldo teve algum dissabor pessoal, da minha parte tem o meu perdão. Não foi nada que possa abalar as nossas relações pessoais”, declarou Doria aos jornalistas provando que é tão cara de pau quanto seu conterrâneo Paulo Maluf.
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