Durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (2), na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, os senadores Armando Monteiro (PTB) e Humberto Costa (PT) cobraram do ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), a conclusão das obras da Hemobrás, no município de Goiana (PE), onde já foram gastos cerca de R$ 1 bilhão.
Segundo o petebista, o ministro garantiu na ocasião que a decisão final de produção, no Brasil, do fator recombinante de coagulação, “essencial no tratamento da hemofilia”, será negociada de forma transparente com a bancada federal de Pernambuco.
Barros defende a instalação de uma fábrica do fator recombinante em Maringá (PR), onde já foi prefeito, fato que, segundo a bancada pernambucana, impediria a produção deste insumo pela Hemobrás.
De acordo ainda com a bancada, sem este fator recombinante, “de alta sofisticação tecnológica e elevado valor agregado”, a Hemobrás se tornará economicamente inviável.
“A bancada federal de Pernambuco quer construir, sem demagogia, sem espírito provinciano e sem caráter regionalista uma solução que permita também à Hemobrás aprofundar a parceria com a iniciativa privada para fabricar o fator recombinante. E lutarei até o último momento para que o Pólo Fármaco-químico e de Biotecnologia de Goiana avance nas novas fronteiras tecnológicas”, declarou Armando Monteiro.
Já o ministro da Saúde declarou durante a sessão que não tomará nenhuma decisão antes de consultar a bancada pernambucana e que, se for necessário, se deslocará para o Recife a fim de debater o assunto.
Segundo ele, o grupo Shire, parceiro da Hemobrás na fabricação do fator recombinante, comunicou ao Ministério da Saúde ter ampliado de US$ 30 milhões para US$ 300 milhões o valor do seu investimento na conclusão da unidade de Goiana de produção do fator recombinante.
Armando Monteiro, no entanto, alertou o ministro para os riscos na atração de investimentos estrangeiros, caso o Ministério da Saúde quebre o contrato da Hemobrás com o grupo Shire, firmado por meio de uma PDP (Parceria para o Desenvolvimento Produtivo).
Para o senador Humberto Costa, o ministro Ricardo Barros não conseguiu responder aos questionamentos feitos por ele sobre o esvaziamento da Hemobrás.
Segundo ele, o ministro caiu diversas vezes em contradição e não deixou claro os motivos pelos quais defende a retirada de parte da fabricação de produtos pela Hemobras e fim de levá-los para o Estado do Paraná.
“Se nós levarmos em conta que o presidente comprou votos na Câmara Federal com R$ 2,5 bilhões em emendas parlamentares, para tentar barrar denúncia contra ele, me parece que não é argumento dizer que não tem R$ 250 milhões para concluir a fábrica, que permaneceria em Pernambuco”, disse o senador petista.
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