terça-feira, 20 de março de 2018

SOLUÇÕES PARA GESTÃO DA ÁGUA EXIGEM CONSTRUÇÃO DE AGENDA POLÍTICA ENTRE OS PAÍSES, DIZ MINISTRO


O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, defendeu nesta segunda-feira (19), durante o Fórum Mundial da Água, a construção de uma agenda política para enfrentar os desafios da gestão da água. Segundo o ministro, este será, em breve, o maior problema do planeta.

“O mundo precisa se preparar para ter na água um fator de convergência e não de divergência. Esse fórum é um momento emblemático que mostra que o mundo caminha para a convergência, no sentido de trocar conhecimentos e formar recursos humanos para encontrarmos soluções. Esse evento é a porta de entrada para a visão de uma política pública”, disse Kassab.

O ministro participou do painel de alto nível “Diálogo político e científico como chave para superar os desafios hídricos globais e apoiar a tomada de decisões”. No evento, ele lembrou a crise hídrica que atingiu a região Sudeste, que concentra 40% da população brasileira, há cinco anos. “Com essa crise, buscamos corrigir distorções, e foram realizados mais investimentos e programas conscientização”, explicou.

Entre os investimentos, Kassab citou o projeto de integração do rio São Francisco. “O semiárido produz apenas 3% da água para população. No momento, temos obras de infraestrutura em vários pontos do país. Em médio prazo teremos melhor equilíbrio da questão da água. Porém, são medidas paliativas. O Brasil precisa de ações integradas com outras nações para encontrar parte da solução. Sabemos que a água é um problema mundial.”

Para o ministro de Energia do Irã, Reza Ardakanian, a ciência tem papel decisivo na busca de soluções para a gestão da água. “Os setores têm que dialogar com a academia, com os cientistas. Precisamos de ciência social agindo como uma cola com cada uma das partes para ser um todo e superar os problemas que temos com a água. Todos os ministros devem assumir compromisso com a água. Defendemos uma política interministerial nesse tema, com todos trabalhando juntos”, afirmou.

Segundo o ministro iraniano, setores econômicos, como agricultura e indústria, devem pagar mais pela água que consomem. “Não vejo outra solução.” 

Produzir mais com menos

De acordo com o diretor da Divisão de Terras e Águas da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Olcay Unver, a demanda por água para a produção de alimentos deve aumentar em 50% até 2050. “É um desafio alimentar a população mundial com segurança. Ocorre que há ineficiência no uso da água. Temos que produzir mais com menos. Para isso, temos que buscar, por meio da ciência, tecnologia e inovação, soluções nesse processo e promover financiamento para pesquisas nessa área”, avaliou.

“Quanto mais investimento no conhecimento mais é possível investigar o uso, a qualidade e os tipos de água que poderemos consumir”, complementou o diretor de Meio Ambiente da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), Xavier Leflaive.

Para o ex-ministro do Meio Ambiente de Portugal e professor da Universidade de Lisboa, Francisco Correa, conhecimento, tecnologia e inovação sem a construção de políticas públicas não resolvem qualquer problema. “A ciência é fundamental para o desenvolvimento das tecnologias, mas as tecnologias sozinhas não resolvem as coisas. A política deve conduzir os projetos para que a tecnologia funcione”, defendeu.

Já o diretor de Regulação da Agência Nacional de Águas (ANA), Oscar Cordeiro, alertou que é  preciso conscientizar a população e os gestores públicos em todos os níveis. “O brasileiro precisa saber de onde vem a sua água. E a água precisa ter prioridade na agenda política”, disse. 

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