sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Chuvas intensas e veranicos marcam o clima na maior parte do país até janeiro de 2018


Os próximos meses serão de chuva intensa com períodos de seca, os chamados veranicos, em todo o país. A informação é do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Até janeiro de 2018, o volume de chuvas deve ficar abaixo da média histórica na grande área que vai do Amapá ao norte de Minas Gerais e que inclui parte de Mato Grosso e da Bahia. Ainda assim, o risco de tempestades e desastres naturais é grande.

“A primavera é marcada por tempestades severas, e não precisa ter umidade muito alta para que elas aconteçam. A irregularidade vai marcar os próximos três meses, nos quais teremos épocas mais secas depois de chuvas, até bastante intensas, que são o que chamamos de severidades. Então, os episódios extremos tendem a acontecer”, explica o coordenador-geral de Operações e Modelagem do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marcelo Seluchi.

As principais áreas de atenção compreendem o Centro-Oeste e a faixa que vai de São Paulo ao sul da Bahia.

No entanto, Seluchi acrescenta que o volume total de chuva pode ficar acima de média em decorrência das “severidades”. “Se, por um lado, pode ajudar a recuperar mananciais, por outro, tende a causar estragos, como aconteceu em Brasília e pode acontecer em toda essa região com potencial de chuvas abaixo da média.”

Abastecimento

Se o cenário se confirmar, aumenta a preocupação com o abastecimento de água e a produção de energia a partir de hidrelétricas. Os reservatórios de parte do Centro-Oeste operam com capacidade reduzida, enquanto represas da região e também do Sudeste apresentam volumes considerados baixos. De acordo com Marcelo Seluchi, o quadro é reflexo de sucessivos períodos de poucas chuvas nos últimos anos.

“Em Brasília e na bacia do São Francisco, há essa preocupação com o abastecimento para a população, porque as áreas de nascente estão recebendo menos chuvas desde 2014. Para a agricultura, a situação não é tão crítica porque vai chover de qualquer maneira”, ressalta.

La Niña

Na parte oeste da Amazônia, entre o Acre e o Amazonas, deve chover acima da média histórica. O quadro mostra uma reversão do panorama de um ano atrás, quando a região passou por uma estiagem recorde. Nesta temporada, porém, o fenômeno La Niña no Oceano Pacífico resultou na formação de mais umidade.

O fenômeno também influencia o clima na porção norte do Pará. Mas, nesta primavera, deve chover menos na região por causa da formação de uma zona de calor no Oceano Atlântico, próximo ao Caribe.

“A causa principal no oeste da Amazônia é a provável formação do La Niña, que esfria a água na parte central do Pacífico. Com a água mais fria, chove mais nessa região. Nesses anos, também deveria chover no norte do Pará, mas lá não vai chover tanto porque o Atlântico está mais quente. Quando há perfis diferentes de temperatura oceânica, o que acaba prevalecendo para aquela região é o clima do Atlântico, por conta da proximidade”, afirma o coordenador do Cemaden.

O Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do MCTIC é formado por especialistas do Cemaden, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Também estão representados órgãos ligados à área de climatologia, hidrologia e desastres naturais, a exemplo da Agência Nacional de Águas (ANA), do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), da Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme), entre outros.

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